Minggu, 27 Januari 2013
DESABAFO: CHEGA DE IMPUNIDADE!
Olá Netto, bom dia
Inicialmente gostaria de agradecer pelo trabalho que você tem feito em prol da população de Senhor do Bonfim, agradecer imensamente por você ter ofertado voz a esse povo tão sofrido, esse povo que foi obrigado a silenciar durante tanto tempo. Você vem ofertando a essas pessoas a oportunidade de desabafar, de falar, de romper com esse silêncio num grito de socorro que tanto alivia, muito obrigado e que Deus continue iluminando o seu caminho, fazendo de você instrumento para o bem.
Escrevo porque gostaria que você publicasse o meu desabafo no blog e que falasse também nos programas de rádio, visto que essas tem sido as nossas únicas vias de fala no momento. Queria ainda que você mantivesse a minha identidade em sigilo, pois infelizmente, as vezes o que falamos pode ser usado contra nós.
Enfim, fui, juntamente com minha mãe vítima de um assalto, praticado por dois menores nas imediações da garagem da São Luiz, nas casas populares, por volta das 20h30min da última sexta-feira 25/01/2013. Momentos de pânico e terror que não conseguimos apagar da nossa mente, nos assustou a ousadia daqueles dois elementos, que aparentemente "crianças" agiram e comportaram-se como dois animais, dois monstros que em nenhum momento se preocuparam com as ressonâncias do ato que cometiam. Nos abordaram de forma violenta, não deixando margem para defesa ou qualquer articulação. O sentimento de impotência e vulnerabilidade é imenso em nós, que agora nos vemos trancadas dentro das nossas casas, tenho a impressão de que os papéis se inverteram, os marginais aterrorizam, amedrontam, inquietam, levam a nossa paz e ficam à solta, como se recebessem um prêmio pelo que acabaram de cometer. Enquanto nós, cidadãos de bem e vítimas nos vemos trancafiados, presos diante desse cenário absurdo, atrás de grades imensas, cercas elétricas e acima de tudo, atrás do medo, o medo que nos paralisa e aprisiona. O sentimento de revolta é gritante, mas quero aqui externar que a revolta não é contra a polícia, que no nosso caso agiu prontamente, e sim contra a sociedade, que produz o menor infrator e depois o defende com unhas e dentes.
Quero dessa forma agradecer à equipe de policiais militares que efetuou a ocorrência, que nos acolheu de forma extremamente humanizada não deixando nada a desejar, como também a equipe do CETO que atuou no caso e recuperou os pertences que haviam sido levados. Esses profissionais guerreiros e tão desvalorizados estão de parabéns, cumpriram o seu papel de forma exemplar.
Mas mesmo recuperando o que nos levaram de bem material, o que levam de nós não há como recuperar, a paz, a sensação de segurança, a fé de que as coisas ainda podem mudar.
Eu me senti extremamente violentada diante das leis do nosso país, que afirmam a esses menores os seus direitos sem cuidar para que eles tenham também deveres. Leis que prezam pelos direitos humanos, sem sequer avaliar os pormenores do caso, acredito que direito tem quem direito anda, que os tais Direitos Humanos, que enchem a boca pra falar, deveriam servir apenas para Humanos Direitos.
Da forma como a coisa vem sendo feita a única coisa que fica em nós é a certeza, de que estamos produzindo a cada dia o bandido que nos rouba, que nos violenta, que leva a paz que demoramos tanto a construir.
Precisamos de leis severas, de leis que se façam cumprir, de políticos que prezem pelo compromisso que fazem nos momentos de campanha. Sou totalmente contra a violência contra o menor, mas sou também totalmente contra a violência com o humano, seja ele quem for, portanto, de nada adianta protegermos o menor que comete esses pequenos delitos, sem em nenhum momento nos preocuparmos com as vítimas, pois esse ato só está nos fazendo criar o marginal de amanhã. O menor que hoje furta e não paga pelo que faz, é o que amanhã mata sem escrúpulos e sem piedade.
No momento em que cometem o ato eles atuam com a malícia de um monstro, desumanos, desprovidos de qualquer sentimento, sem nenhuma preocupação com o que fazem, mas na hora de responder pelo que cometeram, são apenas crianças assustadas que não sabiam o que estavam fazendo, é simplesmente revoltante.
O que fica em mim é a esperança de que com essa nova gestão em nossa cidade, possamos ter um conselho tutelar atuante, que busque políticas afirmativas no sentido de prezar pelo direito do menor, mas sem violar o direito de quem se torna vítima dessas "crianças".
Pra finalizar, penso que todos que passam por nós não passam apenas, levam algo de nós e deixam algo de si conosco, e essa é mesmo a mais pura verdade.
Com aquele ato, calculado e violento, aqueles meliantes deixaram algo deles em nós, deixaram revolta, indignação, desespero, deixaram medo. E levaram também com eles algo de nós, levaram a nossa paz, a confiança nas mudanças, a fé no humano que se perde a cada ato extremo como esse.
Saliento assim que, a população tenha cada vez mais cautela, cuidado ao andar nas ruas, já que não temos mais esse direito, cuidado ao falar ao telefone, já que nos está sendo negado o direito à comunicação, afinal compramos o celular para o bandido, usamos até que ele, " o atrasalado maldito" venha buscar, afinal ele é o verdadeiro dono.
Mais uma vez meu muito obrigada e meu grito de socorro as autoridades, conselheiros tutelares, Juiz da vara da infância e juventude, serviços de assistência social e demais autoridades da nossa cidade, que possam fazer algo por nós, que possam atuar no sentido de amenizar a violência física que sofremos, para que outras pessoas não passem por isso. Para que amenizem apenas a violência física, porque a violência psicológica, essa fica pra sempre, nos marca e o preço que pagamos é demasiado alto.
Atenciosamente,
Leitora.
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